domingo, 5 de setembro de 2010

A peleja de Dorival para entender a Eternidade

-Ah, e outra coisa, aqui não existe tempo.

-Uhn?!

A conversa toda até ali fora surpreendente, mas aquilo já era mais do que um dia imaginara. Nenhuma pergunta ficara sem resposta, tudo aquilo que sempre quisera saber fora esclarecido. Porque as pessoas morrem, porque as pessoas sofrem, porque, afinal de contas, Ele criara as pessoas... Entre muitas outras.

Percebeu em certo momento que não precisava perguntar, era só deixar Ele falar que as respostas vinham. Bem no instante (?) em que ia perguntar quando poderiam se ver de novo, Ele veio com aquela:

-Ah, e outra coisa, aqui não existe tempo.

- Uhn?!

-É, não existe. Não precisamos dele aqui.

Não conseguia esperar a resposta, precisava perguntar:

-Mas, mas... E o pôr-do-sol? – disse lembrando saudoso dos fins de tarde passados em Ilha Grande.

-Você quer ver o pôr-do-sol? – e apareceu uma imensa bola de fogo alaranjada se escondendo por trás do azul infinito.

-Mas não é só isso, é que...

-É, eu sei... Precisei criar o tempo pra vocês porque vocês não conseguem ver as coisas da forma que Eu vejo. Não conseguiam, agora que estão comigo, conseguem. Vocês não saberiam apreciar o pôr-do-sol, o sorriso de uma criança, a beleza de uma amizade, o acúmulo de sabedoria e o prazer de viver ardentes amores, se não fosse pelo tempo.

-Mas e aqui?

-Aqui é a Eternidade. Você já tem noção do que é a Eternidade?

-É um bocado de tempo, né?

E mais horas (?) de conversa se seguiram.

Um comentário: