domingo, 25 de dezembro de 2011

"Um rosto querido me olha eu choro, eu perco o chão" *

Ontem foi a primeira vez que senti a punhalada da saudade cortando o peito. Apesar de estar há pouco tempo longe de casa, Natal é Natal. Estava segurando a onda, tentando não pensar na data que, durante 23 anos passei ao lado da família, com fartura de comida, gargalhadas e reclamações. Mas como tudo estava fechado por aqui, ficamos pelo albergue e consegui falar com minha mãe pelo skype. Dona Mônica se segura, mas foi só passar pra Vó Nilze e Tia Marta que as lágrimas rolaram soltas. Primeiro delas e as minhas em seguida, numa estreita relação de causa e consequencia. Falei com o resto do povo e fui dormir.

Hoje Gerson Borges me embalou no comboio a caminho de Cascais, cidadezinha praiana, que despertou minha atenção desde o começo. Como saímos antes mesmo de amanhecer, tive uma visão privilegiada do Sol saindo de dentro do Tejo, o que por si só já valeu pelo dia inteiro. Como se já soubesse da nostalgia da noite anterior, Gerson cantou "Janelas", enquanto eu apreciava a obra de Deus através da minha.

Em Cascais o céu se tingiu de um forte azul, se recusando a utilizar o branco de sua aquarela. Caminhamos até um farol, apreciando sempre a vista do mar. Depois de comer uns sanduíches com uma Fanta laranja bem pálida, me arrastei um pouco mais pela orla agradecendo a Deus por tudo o que se passou até aqui e me achegando a Ele pra que daqui pra frente esteja ainda mais do meu lado.

A volta foi abreviada pela necessidade de deixarmos tudo pronto para pegar o trem às 22:30 para Madrid, viagem de 12 horas. No hostel, aproveitei para planejar esses próximos dois dias na terra do flamenco e pesquisar algumas opções para Barcelona, principalmente uma visita ao tão famoso clube que leva seu nome.

*Trecho retirado da canção "Janelas", de Gerson Borges.

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