quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Prédios que falam


Só encontrei um problema aqui em Barcelona nesse pouco tempo: as pessoas nao sao lá muitos educadas. Empurram, correm na sua frente, quase te carregam junto. Pedir desculpa é para os fracos. Ah sim, e reclamam por qualquer coisinha. Pode ser exagero, mas me lembra a liçao de falta de civilidade que só quem pega as Barcas ou o metrô do Rio no sentido zona norte em horário de pico conhece.

Fora isso, esse recanto da cultura catala nos convida a voltar muitas vezes, principalmente para conhecer o seu verao. Ontem conhecemos um pub numa ruela que me remeteu ao labirinto boêmio da Lapa, no qual provei os famosos mojitos que, na minha sincera opiniao, perdem de longe para a boa e velha cervejinha gelada.

Ao acordarmos, corremos para fazer um tour 0800 oferecido pelo hostel, passando por diversas obras de Gaudí espalhadas pela cidade. É dificil descrever sua beleza. O arquiteto parecia nem sequer saber o significado da palavra limite. Com traços orgânicos e por vezes utilizando material reciclado, os prédios se diferenciam de tudo aquilo que possa ser visto.

As construçoes refletem um pouco da personalidade do artista: imponentes, singulares, arrogantes. Por outro lado, ainda mostravam que tudo tem dois lados, sempre com inspiraçao religiosa, demonstrando a reverência que tanto o criador quanto as criaçoes possuem pelo Leao de Judá e toda a sua história.

A Basílica da Sagrada Família é um capítulo a parte. Sobre o que senti ao observá-la, me resumo a dizer: ...

É preciso percorrer seu entorno e adentrar em seu átrio para compreender. Do lado de fora, há três fachadas, cada uma contando um pedaço da história do Messias. De um lado, o nascimento, incluindo trechos da infância de Jesus. De outro, a paixao do Cristo, com a última ceia, a crucificaçao e Sua ressurreiçao. O último lado, que sequer começou a ser construído, contará a glória da segunda vinda do Salvador, incluindo a Grande Tribulaçao descrita no Apocalipse. Enfim, o evangelho em forma de edifício, que, assim que estiver concluído, poderá anunciá-lo a tantos quantos tiverem olhos para ver.

De volta ao hostel, percebemos que havíamos esquecido de fazer o check-out antes de sair e acabamos sendo despejados: nossos pertences nos aguardavam na recepçao. Pelo menos nao cobraram mais uma diária! Agora fazemos hora para pegar o trem noturno de Barcelona a Paris, onde passaremos o Ano Novo com pessoas queridas, que já nos aguardam com uma ansiedade da qual partilhamos.

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