quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Prédios que falam


Só encontrei um problema aqui em Barcelona nesse pouco tempo: as pessoas nao sao lá muitos educadas. Empurram, correm na sua frente, quase te carregam junto. Pedir desculpa é para os fracos. Ah sim, e reclamam por qualquer coisinha. Pode ser exagero, mas me lembra a liçao de falta de civilidade que só quem pega as Barcas ou o metrô do Rio no sentido zona norte em horário de pico conhece.

Fora isso, esse recanto da cultura catala nos convida a voltar muitas vezes, principalmente para conhecer o seu verao. Ontem conhecemos um pub numa ruela que me remeteu ao labirinto boêmio da Lapa, no qual provei os famosos mojitos que, na minha sincera opiniao, perdem de longe para a boa e velha cervejinha gelada.

Ao acordarmos, corremos para fazer um tour 0800 oferecido pelo hostel, passando por diversas obras de Gaudí espalhadas pela cidade. É dificil descrever sua beleza. O arquiteto parecia nem sequer saber o significado da palavra limite. Com traços orgânicos e por vezes utilizando material reciclado, os prédios se diferenciam de tudo aquilo que possa ser visto.

As construçoes refletem um pouco da personalidade do artista: imponentes, singulares, arrogantes. Por outro lado, ainda mostravam que tudo tem dois lados, sempre com inspiraçao religiosa, demonstrando a reverência que tanto o criador quanto as criaçoes possuem pelo Leao de Judá e toda a sua história.

A Basílica da Sagrada Família é um capítulo a parte. Sobre o que senti ao observá-la, me resumo a dizer: ...

É preciso percorrer seu entorno e adentrar em seu átrio para compreender. Do lado de fora, há três fachadas, cada uma contando um pedaço da história do Messias. De um lado, o nascimento, incluindo trechos da infância de Jesus. De outro, a paixao do Cristo, com a última ceia, a crucificaçao e Sua ressurreiçao. O último lado, que sequer começou a ser construído, contará a glória da segunda vinda do Salvador, incluindo a Grande Tribulaçao descrita no Apocalipse. Enfim, o evangelho em forma de edifício, que, assim que estiver concluído, poderá anunciá-lo a tantos quantos tiverem olhos para ver.

De volta ao hostel, percebemos que havíamos esquecido de fazer o check-out antes de sair e acabamos sendo despejados: nossos pertences nos aguardavam na recepçao. Pelo menos nao cobraram mais uma diária! Agora fazemos hora para pegar o trem noturno de Barcelona a Paris, onde passaremos o Ano Novo com pessoas queridas, que já nos aguardam com uma ansiedade da qual partilhamos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Barça

No fim das contas deu tudo certo. Acordamos mais uma vez antes de amanhacer e pegamos com muita tranquilidade o trem para Barcelona. De certa forma, sair de Madrid foi um alívio por causa do hostel que deixou bastante a desejar. Acho que o povo do Living Lounge Hostel (http://www.lisbonloungehostel.com), em Lisboa nos deixou mal acostumados.

Depois de tomar um café com leite e comer um maça, tive o nascer do Sol mais uma vez embalado por Gerson Borges, dessa vez seguido por Jorge Camargo, que confessou em "Imensidao" (http://www.youtube.com/watch?v=YPOfvJnQXUQ) que partilha do meu desejo de "provar o sal, o sol, o céu, o rio e o riso". Apaguei e só acordei em Barcelona.

Aqui chegando senti que o clima é outro, mais leve. Típico de cidade com praia. Fomos correndo ao estádio do time homônimo, onde por meio de um tour superfaturado (22,00 E) conhecemos o estádio com estrutura de fazer inveja, a sala de troféus, os vestiários, a sala de imprensa e os camarotes. Legal mesmo foi ver os nomes de Roberto Dinamite e Romário entre aqueles que fizeram história no grande clube. Nao pude evitar comprar alguma coisa da mega store que eles mantêm.

Como o tempo aqui é curto, fomos com pressa para o Museu de Picasso, que mostra toda a evoluçao do artista, principalmente todo o seu trabalho em cima da obra "Las meninas", pintura de Diego Velázquez da qual tomou a liberdade de fazer diversas variaçoes. Desse jeito, a gente percebe que, através dos olhos de um gênio, uma mesma cena pode ter mútiplas interpretaçoes e representaçoes e ainda assim manter sua beleza.

Ali perto está a imponente Basílica de Santa María del Mar, construçao de estilo gótico, que se esconde entre as ruelas do bairro cheio de construçoes do gênero.
O alto vitral permitia que a luz do Sol penetrasse tímida e multicolorida no seu átrio sombrio, um contraste que retrata bem a forma multifacetada como Deus projeta sua luz no mais escuro de nossas almas.

O finalzinho de tarde e começo de noite rendeu um passeio a pé por La Barceloneta, onde o mar saudava os praticantes de esportes e dava destaque às contruçoes levantadas na orla.

Com tantos gastos, tanto de energia quanto (principalmente) de dinheiro, nao será dessa vez que vou conhecer a noite de Barcelona, tao comentada. Hora de descansar e planejar o dia de amanha, além da nossa tao aguardada chegada em Paris.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Banho de lama e cultura

De Lisboa até aqui foi um longo caminho. Pegamos um trem noturno até Madrid, perfazendo cerca de 9 horas de viagem. No entanto as vantagens eram muitas: economizei uma noite de albergue, tive uma cama caprichada onde pude descansar, os atendentes eram muito simpáticos e atenciosos. A viagem de trem foi perfeita. Ainda por cima fiz a primeira refeiçao decente desde que cheguei aqui: risoto de pato, paozinho quentinho com manteiga, uma deliciosa cerveja portuguesa e iogurte de sobremesa. Tudo por míseros 8,50 E.

Ontem vistei o Centro de Arte de Reína Sofía, onde pude apreciar, dentre outros, quadros de Miró, Picasso, Kandinsky, Monet, e, meu favorito, Salvador Dalí. Incrível ver quadros tao famosos de perto, apreciar cada traço e o contraste das cores. A grande atraçao era "Guernica", de Picasso, que retrata o ataque alemao à cidade de mesmo nome, durante a Guerra Civil Espanhola. O tamanho da obra parece querer fazer jus à grandiosidade do evento que a inspirou. Emocinante.

Depois, passamos o fim de tarde e início de noite no Parque del Buen Retiro, com um ambiente familiar e propício a uma vida saudável. O parque contém o belo Palácio de Cristal e uma estátua chamada "El ángel caído", a primeira dedicada a Lúcifer. Vale a pena conferir.

À noite foi hora de conhecermos um pouco da noite de Madrid, através de um pequeno tour por três boates, a última com direito a salsa e tudo. A galera aqui sabe mesmo se divertir na noite.

Hoje acabamos acordando tarde e, pela primeira vez, eu e Isa tomamos rumos diferentes. Continuei minha turnê pelos Museus, conhecendo o Museo del Prado e o Museo Thyssen- Bornemisza. Apesar de cansativo, foi muito bom ficar cercado de arte o dia todo, principalmente no Museo del Prado, em que havia muitas pinturas que retratam passagens bíblicas, um verdadeiro evangelho através de quadros.

Assisti o por do Sol em Frente ao Palacio Real, no qual nao pude entrar por já ter terminado o horário de visita. Mas a praça em frente proporcionou uma bela visao do Sol adormecendo preguiçoso sobre Madrid, com direito a um violinista de rua tocando o tema de "Perfume de Mulher". Belo jeito de terminar o dia, já que a edificaçao por si só é espetáculo à parte. No caminho para lá, passei pela Plaza Mayor, lotada de barraquinhas, crianças, artistas de rua e muita festa.

Passei rápido no hostel onde encontrei minha fiel companheira de aventuras e decidimos terminar nossa estadia em Madrid explorando a música e a dança local. Em um restaurante aqui perto, que convidava todos a entrarem com seus azulejos ornamentados, assistimos a um belo show de flamenco acompanhados por uma cerveja de cortesia. Muito mais gostosa assim.

Madrid foi desgastante, apesar de ter proporcionado um banho de cultura. A cidade é muito agitada, tanto de dia quanto à noite, boa pra quem está atrás de um lugar que combine festa e erudiçao. Nosso receio agora é de nao conseguirmos acordar a tempo de pegar o trem às 7:30 da manha para Barcelona.

domingo, 25 de dezembro de 2011

"Um rosto querido me olha eu choro, eu perco o chão" *

Ontem foi a primeira vez que senti a punhalada da saudade cortando o peito. Apesar de estar há pouco tempo longe de casa, Natal é Natal. Estava segurando a onda, tentando não pensar na data que, durante 23 anos passei ao lado da família, com fartura de comida, gargalhadas e reclamações. Mas como tudo estava fechado por aqui, ficamos pelo albergue e consegui falar com minha mãe pelo skype. Dona Mônica se segura, mas foi só passar pra Vó Nilze e Tia Marta que as lágrimas rolaram soltas. Primeiro delas e as minhas em seguida, numa estreita relação de causa e consequencia. Falei com o resto do povo e fui dormir.

Hoje Gerson Borges me embalou no comboio a caminho de Cascais, cidadezinha praiana, que despertou minha atenção desde o começo. Como saímos antes mesmo de amanhecer, tive uma visão privilegiada do Sol saindo de dentro do Tejo, o que por si só já valeu pelo dia inteiro. Como se já soubesse da nostalgia da noite anterior, Gerson cantou "Janelas", enquanto eu apreciava a obra de Deus através da minha.

Em Cascais o céu se tingiu de um forte azul, se recusando a utilizar o branco de sua aquarela. Caminhamos até um farol, apreciando sempre a vista do mar. Depois de comer uns sanduíches com uma Fanta laranja bem pálida, me arrastei um pouco mais pela orla agradecendo a Deus por tudo o que se passou até aqui e me achegando a Ele pra que daqui pra frente esteja ainda mais do meu lado.

A volta foi abreviada pela necessidade de deixarmos tudo pronto para pegar o trem às 22:30 para Madrid, viagem de 12 horas. No hostel, aproveitei para planejar esses próximos dois dias na terra do flamenco e pesquisar algumas opções para Barcelona, principalmente uma visita ao tão famoso clube que leva seu nome.

*Trecho retirado da canção "Janelas", de Gerson Borges.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Greve dos comboios

É fácil perceber os reflexos da crise aqui em Portugal. Basta tocar no assunto e as pessoas se mostram indignadas com o Euro, com o FMI e quem mais se meter na frente. Não tinha como não sentirmos pelo menos um pouco das consequencias da situação que nossos amigos lusitanos enfrentam. Ontem estourou uma greve nos trens de Lisboa, aqui chamados de comboios. Por isso, os serviços estão reduzidos em 80%.

Assim sendo, saímos cedo pra conhecer a charmosa cidade de Sintra. Aqui o pessoal leva o Natal a sério: às 3 da tarde tudo fecharia, então tínhamos que ser rápidos. A bordo do comboio para Sintra, uma conversa divertida com pessoas bacanas que conhecemos no hostel, alternadas com apreciação da paisagem ao som de Maria Rita.

Chegando lá, de longe já era possível ver os imponentes Palácio de Pena e Castelo dos Mouros se debruçando sobre as montanhas, deixando claro que ali o território era deles. Partimos para o primeiro, onde muitos reis de Portugal viveram. Festival de corredores, torres, salões com paredes desenhadas e tetos minuciosamente trabalhados. Cada móvel, cada louça e vitral eram de beleza ímpar, levando-nos de volta a uma era de muita ambição e vaidade. Características que parecem estar atreladas à humanidade, revelando-se em cada época de uma forma singular.

Partimos para o Castelo dos Mouros, fortaleza construída no século IX (Babi, me perdoe se estiver errado), durante a época de dominação muçulmana. Com um estilo totalmente diferente, os labirintos de rochas traziam uma atmosfera de vigilância, principalmente pela vista de toda a cidade de Lisboa que proporciona.

Como se estivesse me desejando Feliz Natal, Sintra preparou uma pracinha perto da estação dos comboios só pra que eu pudesse passar meu fim de tarde deitado num banco assistindo o Sol se por atrás das colinas com Little Joy soando aos ouvidos.

Neste refúgio, as árvores com poucas folhas castanhas fizeram questão de me despedir ensinando que precisamos deixar que o tempo leve aquilo que já está desgastado, impedindo nosso prosseguir, para que outras venham, novas, frescas, verdes. Necessidade de celebrar a vida.

Assim, peguei o comboio de volta a Lisboa guiado por Chico Buarque, trazendo lições, memórias e um puta sono.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um grande navegador

Ao acordar ontem descobri que o hostel tinha mais uma surpresa pra gente: café da manhã de graça com panquecas. Pronto, o dia já começou bem. Não pude degustá-las como queria, porque estávamos meio em cima da hora pra pegar a excursão do hostel para Belém. E o melhor: de graça.

Fomos até o Monumento do Descobrimento, construído próximo ao porto de Belém para celebrar os descobrimentos feitos pelos portugueses. Lembranças de uma época que nossos colonizadores guardam com carinho, em que Portugal teve hegemonia dos mares e do comércio de especiarias por mais de um século.

Depois visitamos a bem trabalhada Torre de Belém, levantada principalmente para proteger o porto. Dali, a visão da infinitude do Tejo era renovadora.

Pagando 10 euros, também tivemos acesso ao Monastério de São Jerônimo. O lugar serviu de abrigo para monges e freiras, parecendo ter cumprido bem o seu propósito. Na região central havia um jardim com um chafariz onde facilmente eu passaria uma tarde inteira ao sol lendo um livro, ouvindo música boa ou mesmo em momentos de reflexão. Provavelmente os monges e freiras faziam diferente, mas com certeza também meditaram muito por ali. Os corredores inspiram silêncio e fazem acalmar a alma.

O Monastério e a imponente capela adjacente abrigam túmulos de notáveis personalidades portuguesas, entre os quais se destacam Fernando Pessoa, Camões e, claro, o mais ilustre navegador de todos os tempos, que dá nome ao Gigante da Colina: Vasco da Gama. Não teve jeito, foram muitas fotos tiradas.

O fim de tarde foi brindado com os melhores pasteizinhos de Belém e um café bem quente pra espantar o frio de um dia marcado pela neblina.

Hoje fui presenteado duas vezes: realizei o grande sonho de conhecer um oceanário e encontrei um casal de amigos muito queridos. Encontramos Léo e Letícia no metrô e seguimos juntos para o Oceanário de Lisboa. O abrigo de milhares de espécies marinhas fica na parte mais moderna da cidade, cercado de muita beleza natural e arquitetônica. Lá dentro, tubarões, raias, pinguins e tartarugas marinhas, lembrando de um velho sonho de estudar biologia marinha.

Com companhias tão agradáveis, o dia só poderia ter sido como foi: muito agradável, com direito a risadas à vontade e procura pelo lugar mais barato para almoçar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Próximo ao métro

Chegamos em Lisboa cerca de 8 da manha. Depois de um longo voo marcado pelos filmes que tinham sonoplastia de chiado constante e pessoas saltitantes na fileira de trás.

Apesar de não sabermos direito onde ficava o albergue (fruto do meu longo planejamento), não tivemos dificuldade em achá-lo, graças a um eficaz sistema de transporte e a solicitude dos patrícios. Logo ao lado da estação do metrô fica nosso abrigo para os próximos dias.

Brinadando o começo de nossa aventura, o Sol nos veio receber com entuasiasmo, preocupado em fazer brilharem as águas do Tejo e caprichando na hora de revelar as variadas cores das casinhas de fachada antiga. Sem inibição alguma, secou roupas penduradas do lado de fora das janelas, trazendo um clima de cidade do interior.

Quatro diferentes igrejas, cada uma exibindo um encanto particular se colocaram na nossa frente. Uma pequena e acolhedora, outra suntuosa e exigente com o bolso. Uma reluzente e alva, outra com cores de tijolos medievais.

Nesta, encontramos o tesouro da Sé de Lisboa. A grandiosidade da edificação remetia à pequenez do ser humano diante de Deus. Talvez templos tão imensos sejam obras dispendiosas e desnecessárias, já que Deus veio ao mundo encarnado em simplicidade, mas não posso negar que nos intima à reverência.

Nas diversas peças de ouro minuciosamente trabalhado e outras de linho caprichosamente tecido, pude recolher-me para entender a precisão e cuidado que Deus tem para tecer as linhas de nossa vida e moldar nosso ser.

No Castelo de São Jorge tivemos o privilégio de parar um pouco e aproveitar o cochilo caprichado debaixo da sombra de uma árvore, enquanto Lisboa se exibia lá embaixo, toda prosa. o interior do castelo, uma peça em particular, um jogo de espelho e imagens que jamais entenderei, é, sem dúvida, a vedete protegida pelas altas muralhas. Ali, é projetada com perfeição uma imagem de 360 graus dos arredores do castelo.

À noite, Lisboa nos brindou com a tranquilidade digna de uma quarta feira à noite. Ótima oportunidade para dormir cedo e se preparar para Belém amanhã.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Pré-fácil

Jantei assistindo L.A. Ink e vi que já está tarde. O dia amanhã vai ser agitado, preciso dormir. Mas como? Como dormir assim em meio a mochila, botas, passaporte, passe de trem, passagem, Travel Money?


Ansiedade é normal. E confesso que, a esta altura, é a melhor sensação que eu poderia ter. Já foi um misto de medo, tristeza, alegria, cagaço, desânimo... Minha velha companheira agora é o que menos atrapalha.


Chegou a hora de ir viver um sonho, por mais clichê que possa soar. Um sonho que, como todo sonho interessante, tem várias reviravoltas e se transforma num piscar de olhos. Daqueles que você tá escovando os dentes e de repente se vê no meio de um filme do Tarantino.


Decidi fazer um mochilão pela Europa no começo desse ano. Era pra ser um intercâmbio, mas desde que deixei de ser um pobre estagiário para ser um reles funcionário público ficou inviável passar mais de um mês lá fora. Foi aí que decidi que viajaria, simplesmente. Muitos ouviram minha ideia, quase todos se empolgaram, alguns levaram a sério e ninguém quis ir até o fim.


Resolvi, então, que iria sozinho. Há muito tempo vinha prometendo a mim mesmo um tempo longe de tudo e todos e essa parecia ser a oportunidade perfeita. Estava em débito comigo e decidi quitar a dívida.


Comecei a planejar algumas coisas e Deus me fez uma grande surpresa: arranjou a melhor companheira de viagem que eu poderia ter. E ela estava disposta a entrar na minha onda, esquecer um pouco do que se passa entre a Moreira César e a Gavião Peixoto para explorar novos horizontes.


Amanhã embarcamos para aquela que promete ser a viagem da minha vida so far... Não é simplesmente conhecer lugares novos, meu grande desafio nesses próximos 40 dias é conhecer a mim mesmo. Desatrelado do cotidiano, das influências do que me rodeia. Absorto em mim mesmo. E em Deus, acima de tudo.


O ser humano é assim mesmo, precisa conhecer coisas novas para dar valor às velhas. Entender o complexo para apreciar o singelo. Viver o diferente para aprender a lidar com o corriqueiro.


E assim começo minha breve jornada. Com fé, vontade e gratidão.


“O nosso ir faz o caminho”...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Indo


"Pensava que nós seguíamos caminhos já feitos, mas parece que não os há. O nosso ir faz o caminho." C.S.Lewis



O ir



foi com ele que aprendi


fácil como caminhar


amor é só fazer amar


andar é acordar


estar do lado


sorrir pra quem cantar


chorar com a outra lágrima


descansar, dividir


entregar o ir



-Felipe Vellozo



sábado, 27 de agosto de 2011

Sobre crisântemos e petúnias




Chegando no jardim, fui bem recebido. Apresentaram-me ao jardineiro, mostraram como cuidar das plantas, me ajudaram quando ervas daninhas quase me sufocaram.


Depois de um tempo em meio àquela mistura de cores e aromas, senti que podia fazer algo pelas outras flores. Tive uma reunião com o jardineiro, que, muito cortês, como sempre, ouviu atentamente enquanto me colocava à disposição para ajudar. Como era de seu costume, a princípio ficou quieto, apenas ouviu. Disse-me para esperar, que daria uma resposta na hora em que julgasse conveniente.


Aguardei ansiosamente até que um dia fui convidado a cuidar dos crisântemos. Fui chegando um tanto arredio, mas fui bem recebido. Alegraram-se com a minha presença, foram-me gratos pelos conselhos , por fazer-lhes sombra e encontrar-lhes água. Com o passar do tempo, acabei decobrindo que também podia ser um crisântemo. Afinal, me sentia como eles e, quando faltavam pétalas, emprestavam-me as suas de bom grado.


E, assim, encontrei meu lugar no jardim. Minha maior alegria era ver as sementes brotando, os caules se desenvolvendo, a busca pela luz do sol e pelo alimento na terra. Se algum dia chegariam a virar flor era apenas um detalhe. Não nego minha alegria quando isso acontecia. Ver suas pétalas coloridas refletindo a luz do dia e sentir seu perfume em meio a noite era algo sublime, sem dúvida. No entanto, bom mesmo era ver o desenrolar do processo, acompanhar seu crescimento, sua desesperada busca pela plenitude.


Um dia, porém, fui procurado por alguns que diziam falar da parte do jardineiro. Agradeceram pela dedicação, mas disseram que meus serviços entre os crisântemos não eram mais necessários e que já estava na hora de eu cuidar das petúnias. Dos crisântemos cuidariam eles. Entristeci-me, não posso negar, mas falaram com tanta propriedade que ficou difícil de argumentar.


Mesmo a contragosto, fui tentar cuidar das petúnias. Não era de todo mal, mas não conseguia ficar feliz como ficava entre os crisântemos. As petúnias me receberam bem, mas não me emprestavam suas pétalas. Não consegui me sentir como elas. Fiquei em seu meio um tempo, mas sem conseguir contribuir como fazia em meio a meus antigos amigos.


Finalmente, desapareceu o desejo de colaborar, uma vez que o trabalho não mais me empolgava. As petúnias eram tão importantes quanto os crisântemos, me disseram, e até mesmo concordei. Mas era impossível me misturar a elas. Pelo menos para mim. Ainda me sentia um crisântemo.


Afastei-me daquele jardim. Fiquei a sós com o jardineiro. Mais uma vez, ouviu pacientemente. Contei-lhe que queria conhecer outro jardim e ele prontamente me levou a um que estava próximo. Ao chegar ali, nem precisei falar para que ele entendesse. Apenas olhou com seu ar de compreensão e garantiu:


- Já volto para te mostrar onde ficam os crisântemos.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Aos que me inspiram



Tem coisas na vida que a gente precisa falar. Seria um crime não fazê-lo. Uma delas é dizer aos nossos grandes amigos o quanto os admiramos. Ah... Meus amigos, como os admiro e gostaria de ser um pouco mais como vocês. Pordoem-me por demorar tanto a expressar, mas aí vai...


Admiro a garra e o espírito batalhador da Isa. O jeito bem-humorado de Letícia levar a vida. A inteligência e a concentração da Paty. Pra não mencionar a simpatia com que a Ana trata a todos.


Mas isso é só o começo. Admiro muito a paciência de Fuxi e a forma compreensiva como ele vê as pessoas. Admiro o altruísmo exacerbado da Tia Marta. A poesia que a Babi consegue enxegar em todos os dias. Por incrível que pareça, admiro demais a maneira às vezes doentia e ilógica como o Theo defende seus pontos de vista um tanto singulares.


Admiro demais a boa vontade do Seu Vilsu. A determinação da Rafinha em levar o evangelho a todos e lutar pelo que ela acredita. Até mesmo a amabilidade escondida por trás da marra que Thaisinha leva no rosto (Bebêêêê!!!!)... Admiro a lealdade que Dudu oferece, além de apreciar bastante as longas prosas ao vivo, via telefone ou internet. E igualmente admiro o carinho e a consideração que, por mais que tente esconder, Matheus tem por seus queridos.




Admiro a facilidade que Israel tem de fazer amizade com todos os tipos de pessoa. E também a solicitude de Renatinho e Rafael. Admiro como o Fê sempre consegue fazer graça de tudo sem nunca exagerar. Admiro demais a vontade de aprender do Thiago e como ele não tem vergonha disso. E como eu admiro o jeito como LPM foi destemido e não mediu consequências para ir atrás do que (e de quem) ele queria!


Deixei por último os mais novos. Admiro o fato de Gustavo, apesar da pouca idade, ser um exemplo de cristão, com sua integridade e maturidade. Também é deveras admirável ver que o Vitor não teve vergonha de admitir que precisava mudar e, mais ainda, admiro o quanto ele mudou e continua buscando evoluir. Admiro a vontade do Pit de ajudar todos os seus amigos a experimentarem do amor de Deus e de seus frutos. Admiro Matheus Ximenes porque, de onde a gente menos espera, vêm as maiores surpresas, como a humildade, conversas engraçadas e a facilidade em tratar a todos com igualdade.


É, meus amigos, os admiro mais do que vocês possam amiginar. E muito mais do que uma simples folha de papel pode carregar. Vocês me fazem crescer e ver que o mundo pode ser um lugar melhor, se aprendêssemos a admirar mais intensamente pessoas como vocês.