Demorei um pouco pra saber o que pensar sobre Amsterdam. Confesso que ainda hoje, minha ultima noite na cidade, continuo me sentindo um tanto reticente.
Amsterdam oferece um turismo bem diferente de todas as cidades que já visitamos ate agora, preocupando-se mais em entreter do que em informar e transmitir cultura. Talvez essa impressão também culpa nossa que, após passar por Portugal, Espanha, Franca e Itália, já queríamos ver algo diferente. E isso a capital da Holanda oferece.
Apesar dos museus convencionais que existem por aqui, o que chama a atenção mesmo são alguns um tanto incomuns: museu do sexo, museu da maconha, museu da tortura medieval, museu da tatuagem, museu erótico, museu da vodka e por ai vai... Os que conhecemos oferecem um passeio rápido e divertido, no qual a principal preocupação e levar diversão ao visitante. Um interessante e o Nemo, museu da ciência, voltado principalmente pra crianças e adolescentes, mas que desperta a curiosidade dos adultos também, ao permitir que se participe de fenômenos científicos, sempre explicando o motivo de sua ocorrência.
O mundialmente famoso Madame Tussaud também vale a pena conferir. Diversas personalidades tem ali suas replicas feitas de cera, todas reproduzidas com uma perfeição tamanha que nos leva a crer que estamos diante de nossos ídolos. Troquei uma idéia com Mandela e Gandhi e depois dei os parabéns a Salvador Dali por suas obras e, como não sou bobo, dei ate uma idéia na Jennifer Lopez, que nem me respondeu. Junto com o ingresso pro Madame Tussaud da pra comprar um pra Amsterdam Dungeons, uma jornada pela história sangrenta da cidade, feita com atores fantasiados que encenam o lado negro da história da cidade, passando pela Inquisição, navios de trabalho forcado, bruxas queimadas na fogueira e serial killers. Bacaninha.
No lado etílico da coisa, fizemos um tour pela 1a fabrica da Heineken, o Heineken Experience, que mostra todo o processo de produção da cerveja, ensina a degustar a loira e ainda da umas provinhas no final. O passeio inclui um filme em 4D no qual somos transformados em uma cerveja pronta pra ser consumida e acaba, claro, numa lojinha cheia de produtos com a marca da cerveja.
Muito interessante também foi um bar todo feito de gelo. Na frente um bar normal, mas por alguns euros vc entra numa câmara onde tudo eh feito de gelo: o balcão, os bancos, esculturas, ate mesmo os copos. Lá dentro a temperatura e de -10, então o tempo de permanência, de meia hora, já e mais do que suficiente. Ali mais um vídeo em 4D, no qual um vento cortante vem contra o rosto, desafio pra qualquer esquimó.
Ontem estivemos na Casa de Anne Frank, um pequeno museu criado em homenagem a menina judia que nos deixou seu diário contando sobre os dias em que se escondia com a família no prédio em que seu pai trabalhava. O museu, alias, fica neste mesmo prédio em que Anne esteve durante os anos da II Guerra Mundial ate ser capturada pelos nazistas e levada a um campo de concentração. Nos andares inferiores vemos onde funcionava a fabrica de geléia do pai de Anne e, ao subir algumas escadas, nos deparamos com a estante de fichários que escondia o Anexo Secreto. O espaço esta muito bem preservado e algumas maquetes foram montadas para reproduzir o ambiente durante o período em que a família Frank ali se refugiou. Nas paredes do quarto de Anne são mantidas as fotos recortadas das revistas da época, mostrando que ali viveu uma menina como qualquer outra, mas que teve seus sonhos monstruosamente sufocados e, posteriormente, destruídos com sua própria vida.
Como disse no começo, ainda não sei bem o que acho de Amsterdam. Quando cheguei aqui vi um lugar em que há muita liberdade, onde as pessoas são livres para buscar aquilo que lhes da prazer. Sempre achei isso muito interessante, pois acredito que devemos fazer ou deixar de fazer as coisas por nossas próprias convicções, não porque alguém impôs. Acho que cada um deve ser livre pra escolher o que quer fazer da sua vida. Contudo, depois de alguns dias percebi que essa liberdade toda acaba por se tornar libertinagem. Não sei se e a educação crista (um pouco católica, um pouco protestante) falando um pouco mais alto, mas parece que o turismo aqui se desenvolveu em torno disso e um apelo enorme e feito em torno de sexo e drogas. A cidade parece querer trazer isso pra vida do turista a qualquer custo, desde os souvenirs ate as ruas do Red Light District e os Coffee Shops. Já não sei ate que ponto isso tudo e uma liberdade ou uma prisão. Essa vai com certeza ser uma conversa pra render em mesinhas de boteco quando eu voltar pro Brasil.
De uma coisa tenho cada vez mais certeza: "O nosso ir faz o caminho".
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