Sinto a necessidade de ser verdadeiro, o máximo que posso. Por isso, vou me permitir cometer o sacrilégio de escrever superficialmente sobre Roma, já que tenho prestado mais atenção ao meu interior do que ao que se projeta a minha volta. Me desculpem os interessados em informações sobre viagens, mas minha intenção ao escrever aqui e retratar com a máxima fidelidade uma viagem bem mais longa e profunda do que essa que estou fazendo pelo velho mundo.
Na capital da Itália, nos hospedamos em um lugar diferente de tudo que já tínhamos visto, um pequeno apartamento no centro da cidade no qual seus proprietários gentilmente acolhem viajantes em dois quartos separados. Para quem viaja de cidade em cidade, de cama em cama, um local como este oferece um ambiente caseiro e e acolhedor que trás um delicioso gostinho de lar. Ali nos sentimos a vontade para descansar, conversar com nossos exóticos anfitriões e ate provar um saboroso feijão romeno com torradas.
Nesses dias em Roma, visitamos a Basílica de São Pedro, o museu do Vaticano, o Castelo Sant'angelo. Isso só no primeiro dia. No segundo, visitamos vestígios da antiga civilização romana, como o significativo Coliseu, alem do Fórum Romano e o Palatino. No ultimo, uma sinistra visita as Catacumbas de São Calixto. Tudo sempre acompanhado por andanças pelas ruas, parando para admirar a beleza de monumentos como a Fontana de Trevi e o Panteão.
Contudo, a importância de Roma pra mim esteve nas entrelinhas. Sim, a cultura e a história vão ficar pra sempre na memória, mas tocado mesmo foi o coração. Nesses dias sossegados no apartamento de Dona Valeria muitas emoções me visitaram. Logo no começo, tive que, mais uma vez, me superar para lidar com uma ansiedade arrebatadora como já há alguns dias não sentia. Socorro nessas horas só me vem mesmo do Sangue vertido na Cruz. Dai em diante, tentei deixar de negligenciar Aquele que me criou. Passei a tentar ouvir melhor Sua voz, reduzindo a minha. Passei a perguntar-Lhe o que e preciso fazer pra que se possa viver em paz.
Hoje, por mais irônico que possa parecer, estava no avião a caminho de Amsterdam ouvindo a poesia do senhor Gerson Borges quando me foi possível enxergar que de nada preciso para viver em paz. O que preciso eu já tenho. Meu querido e tatuado Leão de Juda me mostrou que o simples fato de ele estar me ouvindo, estar do meu lado a todo momento, me aceitando apesar dos meus defeitos já e o suficiente para que eu viva em paz. Por que então, pensei em minha limitada condição, eu muitas vezes não me sinto em paz? Mesmo realizando um sonho, vivendo aquilo que sempre desejei, por que por vezes parece que me foge a paz?
Guiado pelas canções de Gerson, Josimar Bianchi e Kirk Franklin, entendi que não há motivo para assim se sentir. Se por vezes deixo de ter aquilo que tanto prezo eh porque muitas vezes não prezo aquilo que tanto tenho. Assim, passo a não prestar atenção no cuidado de Deus e em Seu amor por mim. Dou mais atenção as minhas próprias vontades e, mais do que isso, ao meu próprio sentimento. Sai do avião com o pensamento de tentar não mais superestimar minha dor e subestimar a misericórdia do meu Pai. De não esquecer que, não importa o tamanho dos meus erros, eles somem diante da infinitude do amor de Deus por mim.
Cheguei em Amsterdam em paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário